Fernanda Liberali revisits Vygostsky from COVID-19 pandemic and decoloniality perspectives.
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How do you consider the issue of necropolitics and necroeducation in the global context of pandemic?
In an interview with Monica Lemos, Fernanda Liberali revisits Vygostsky from the COVID-19 pandemic and decoloniality perspectives. She considers the issue of necropolitics (Mbembe, 2019) and necroeducation in the global context of pandemia. The notion of necropolitics refers to the use of political power to control lives and death of people. During her talk Dr. Liebrali refers to Bader Sawaia, a Brazilian scholar whose studies are devoted to Spinoza.
Pensando no contexto da pandemia, como falamos em inédito viável em situações sociais tão opostas no Brasil?
Fernanda Liberali revisita Vygotsky pelas perspectivas da pandemia de COVID-19 e da decolonialidade. Como falamos em encontros na perspectiva Spinozana se não podemos encontrar? As questões acima serviram como guia para o trecho apresentado. Em breve o vídeo completo da conversa estará disponível no YouTube.
Go to our Youtube Library for longer interviews and presentations by distinguished CHAT scholars and educators.
We hope to create a world with more connections. I do wish we can have closer contact and chances to discuss. And be with each other. This is part of creating a better world, I think.
What a beautiful thing it is, that people can watch a video by an eminent professor, make their comment for all to see, and then!! get a response or “thank you” from the professor!
Thank you , Andy! We truly need a collaborative community to change the world into a more equitable and just place.
Perhaps you could have a go at answering Anthony’s question, Fernanda, or comment on my try: http://culturalpraxis.net/2020/11/09/an-audience-participation-question-lets-have-some-fun/ ?
Reflexões….
O neoliberalismo mudando de configuração por meio da neocolonialidade e por outro lado a resistência da ação revolucionária em visibilidade diante das contradições do humano.
A neocolonialidade pode enquadrar a liberdade do humano. Enquanto a de(s)colonialidade é o processo de resistência porque é a busca pela liberdade.
Neocolonialidade maqueia e manipula com o conservadorismo e a De(s)colonialiade é o indivíduo em sua ação histórica de Luta. Assim, todo reconhecimento é um sofrimento porque supera alienação do velho homem em suas velhas práticas e do modo de ser. O sofrimento ético-político e os efeitos da colonialidade são velados, é preciso reconhecê-los para que possamos reagir.
Como empoderar professores na sua ação de educar para que possam despertar e dar mobilidade aos seus alunos, por meio do desenvolvimento da agência e do conatus, criando resistência e busca por soluções coletivas para transformação?
Ao citar o inédito-viável, os comentários da Cris e do Fernando, nos remeteram a pensar em duas faces do neoliberalismo: uma parcela da população que está “acomodada” já que possui uma condição sócio-econômica favorável e outra que está “conformada” com sua situação de privação. O que nos levou a pensar, enquanto formadoras, na importância da constituição do grupo como um lugar de estudo, troca e resistência que nos permite resistir, inclusive nos contextos de trabalho. É partir do inédito viável como o que nos move para contribuirmos com a formação do outro, assumindo a responsabilidade pelo todo a partir de nossas escolhas de vida, para além do profissional.
Desde esta perspectiva es fundamental posicionarnos para pensar en una Ecología de los saberes, como nos explica Boaventura de Sousa Santos. Una ecología de los saberes se entiende si también entendemos el buen vivir a partir de que el sur existe y para ello tenemos que entremar dese los caminos diversos y plurales, los conocimientos desde nuestro lugar y valorizar los diversos saberes que a partir de las travesías y diversidades desde nuestro contexto atraviesan el sur global. O sea, aprender que existe el sur, aprender a ir al sur y aprender con el sur y para el sur. Ese conocimiento se estructura a partir de una resistencia epistémica y una resistencia ontica que nos conduce al camino para la libertad. La libertad nos reconoce todo el tiempo en un estado decolonial, entendemos que somos“cómplices” del contexto colonial y que para transformarlos tenemos que debatir nuestro lugar y sus propios saberes. Es una utopia pensar en desconolizarnos pero esa utopía ya nos muestra el camino decolonial.
Como nos descolonizamos a partir de enterdernos en este contexto colonial?
Desde esta perspectiva es fundamental posicionarnos para pensar en una Ecología de los saberes, como nos explica Boaventura de Sousa Santos. Una ecología de los saberes se entiende si también entendemos el buen vivir a partir de que el sur existe y para ello tenemos que entremar dese los caminos diversos y plurales, los conocimientos desde nuestro lugar y valorizar los diversos saberes que a partir de las travesías y diversidades desde nuestro contexto atraviesan el sur global. O sea, aprender que existe el sur, aprender a ir al sur y aprender con el sur y para el sur. Ese conocimiento se estructura a partir de una resistencia epistémica y una resistencia ontica que nos conduce al camino para la libertad. La libertad nos reconoce todo el tiempo en un estado decolonial, entendemos que somos“cómplices” del contexto colonial y que para transformarlos tenemos que debatir nuestro lugar y sus propios saberes. Es una utopia pensar en desconolizarnos pero esa utopía ya nos muestra el camino decolonial.
Como nos descolonizamos a partir de enterdernos en este contexto colonial?
Muito Obrigada.
Parabéns, Fernanda, por esse uso mais do que feliz e pertinente do conceito de “evento dramático”! E pela convocação geral que você produz com sua fala.
Muito obrigada. Seguimos lutando com a força do comum!
Muito obrigada, Profa. Fernanda Liberali, por trazer luz e reflexão, principalmente, para este momento de pandemia. Sua fala é muito clara, cheia de sentido e potentemente embasada.
O momento requer conexões e você as fez com muita clareza, Profa. Fernanda, excelente reflexão!
Dear Prof. Liberali,
In one of the questions in Portuguese you mention the “funds of knowledge” or “repertórios” as a way of overcoming crisis. In the way you reflected, people would use those funds of knowledge (a concept I used myself in my PhD thesis) in order to fight for a fairer or more equal society.
Now, I am thinking about people who have never suffered from social inequalitites, or poverty, like the students I teach in the school I work. How will these children/teenagers deal with crisis considering they have never experienced it? What could you add to your discussion having in mind that people have different funds of knowledge, especially when talking about a what a fairer/equal society would be? In addition, people who take decisions (politicians) are usually from wealthy families. How would they change our societies?
Thank you for your attention.
O fato de não ter vivido desigualdade específica não significa que não possa estar sensível a ela, o indivíduo pode aprender com e construir seu repertório a partir do outro.
Enquanto educadores podemos proporcionar experimentos em eventos dramáticos que possibilitem a construção de repertório nos alunos.
Prezadas,
Como diria o prof. Cortela, há uma diferença grande entre “falar de” e “falar sobre”. Posso falar sobre desigualdade social com meus alunos, que eles entenderão. Mas quando eu falo “de” desigualdade, e falo do que passei enquanto criança para eles, percebo a dificuldade deles em aceitar/entender a situação.
Enquanto educadores nós sofremos a pressão do dinheiro que manda nas escolas. Sentimos a pressão do pai que reclama se discutimos temas “de esquerda”.
Por favor, não conclua que eu seja contra mudanças. Só não acho que seja tão romântica quanto a gente quer que seja em nossos discursos.
Como poderíamos trabalhar tais eventos dramáticos com alunos dadas as restrições do ambiente acadêmico que vivemos?
Fernando sua pergunta é bastante pertinente e muito interessante. Nos fez pensar num trabalho também elaborado pela professora Fernanda Liberali, chamado DigitMed, uma proposta de desencapsulação do currículo e de construção de repertório a partir de crises sociais reais. Um encontro não hierárquico entre alunos, professores, pesquisadores, gestores, famílias de diferentes espaços educacionais, esferas sociais e repertórios. Esse trabalho é de fato uma maneira de repertoriar seus integrantes a partir de suas potencialidades individuais para a construção do afeto e comum.
Prezadas,
Tal trabalho é de fato interesseante, e também participei dele de 2014 a 2017.
Entretanto, para que tenhamos uma transformação de fato, há a necessidade de um engajamento maior de quem realmente tem poder para tomar decisões. E nesse ponto fico muito desapontado com a forma como isso ocorre no Brasil.
We have as a main goal to propose challenging experiences based on everyday situations, of the “life that is lived”, that develops the agency, critical thinking and the possibility of an effective internal transformation that will reverberate in their community.
Dear all,
The “life that is lived” is also a very hard concept to be discussed with high-income students. I cannot suppose they will feel the same I feel about that concept.
In fact, I will not be able to experience what they live (e.g. going to school by helicopter). So, the “life that is lived” by them is another reality.
My question is now: what is your definition of “life that is lived”? They are living their lives, and it is real. It is what they live and know!
Thank you for your question and for the opportunity to clarify this topic. Today, many people, both those who had access to “good” education and those who were marginalized in the educational process, take position that make us question what kind of education we construct in our everyday classes. We teach a lot of content, but do we teach about living? How do we connect the contents of our classes to the lives of our society and our students? I do believe that when students have access to different realities, when they see the others as part of the same totality, they have more opportunities of making more just choices.
In this process, we expand the possibility of understanding and acting in the world because we amplify the choices we have to face reality. Can we guarantee a fairer or equitable society? No, I would say. But we can expand people’s repertoire/ funds not only in terms of knowledge but also in terms of ways of being, acting, feeling, relating to one another? As a teacher, I believe we must use Vygotsky powerful instrument: play. When we play, we are who we are and who we are not, as exemplified by Newman and Holzman in many contexts. In play, we go beyond our limits and create other possibilities, other alternatives, other perspectives.
I believe that we all have different funds of knowledge or repertoires that constitute who we are and how we act in society, both those who had access to wealth and those who live in total poverty. The point is their funds and repertoires are distinct. And there are certain resources, emotions, attitudes, and knowledge (part of their funds and repertoire) which are more valued than others historically, colonially. And that is what crystalizes coloniality. However, we see in our projects we try to create opportunity for decoloniality.
Our project, Digitmed Program, puts together students of different ages, social-economical background, levels of education, immigrants, deaf kids, teachers, coordinators, principals, researchers to discuss polemic topics of our reality using school contents, as demanded by official documents, and situations of the concrete everyday reality. Participants in general, not only students, explain how much they expand their understanding of reality when they hear each other’s opinions that come from different lives and contexts than that they have experienced. They move beyond and so do we. They see sorrow, they see the others! That, for me is one step for fairer choices and better ways of living.
Obrigada pela sua pergunta e pela oportunidade de esclarecer este tópico. Hoje, muitas pessoas, tanto aquelas que tiveram acesso a uma “boa” educação, quanto aquelas que foram marginalizadas no processo educacional, tem, por vezes, posicionamentos que nos fazem questionar que tipo de educação construímos em nossas aulas no dia a dia. Ensinamos muito conteúdo, mas ensinamos sobre como viver? Como conectamos o conteúdo de nossas aulas às vidas de nossa sociedade e de nossos alunos? Eu acredito que quando os alunos têm acesso a realidades diferentes, quando veem os outros como parte da mesma totalidade, eles têm mais oportunidades de fazer escolhas mais justas.
Nesse processo, ampliamos a possibilidade de compreender e agir no mundo, pois ampliamos as escolhas que temos para enfrentar a realidade. Podemos garantir uma sociedade mais justa ou equitativa? Não, eu diria. Mas podemos expandir o repertório / patrimônios das pessoas não só em termos de conhecimento, mas também em termos de formas de ser, agir, sentir, se relacionar? Como professora, acredito que devemos usar o poderoso instrumento de Vygotsky: o brincar. Quando brincamos, somos quem somos e quem não somos, como exemplificado por Newman e Holzman em muitos contextos. No brincar, ultrapassamos nossos limites e criamos outras possibilidades, outras alternativas, outras perspectivas.
Acredito que todos nós temos diferentes fundos de conhecimento ou repertórios que constituem quem somos e como atuamos na sociedade, tanto aqueles que tiveram acesso à riqueza quanto aqueles que vivem na pobreza total. A questão é que seus fundos e repertórios são distintos. E existem certos recursos, emoções, atitudes e conhecimentos (parte de seus fundos e repertório) que são mais valorizados historico e colonialmente do que outros . E é isso que cristaliza a colonialidade. No entanto, vemos em nossos projetos que tentamos criar oportunidades para a descolonialidade.
Nosso projeto, Programa Digitmed, reúne alunos de diferentes idades, antecedentes socioeconômicos, níveis de escolaridade, além de imigrantes, crianças surdas, professores, coordenadores, diretores, pesquisadores para discutir temas polêmicos de nossa realidade a partir de conteúdos escolares, como exigem documentos oficiais , e situações da realidade cotidiana concreta. Os participantes em geral, não apenas os alunos, explicam o quanto eles expandem sua compreensão da realidade quando ouvem as opiniões uns dos outros que vêm de vidas e contextos diferentes daqueles que experimentaram. Eles vão além e nós também. Eles veem a tristeza, eles veem os outros! Isso, para mim, é um passo para escolhas mais justas e melhores maneiras de viver.
Prezados,
Concordo que a empatia seja um fator importante. Entretanto, nós professores de escolas particulares mais contribuímos para o aumento da desigualdade do que para a transformação de uma sociedade mais justa.
Sentir fome é diferente de falar sobre fome. Posso falar e saber sobre sentir fome, mas nunca saberei se dói mesmo sentir fome, pois nunca fiquei dois ou três dias sem comer.
Minha analogia da fome é mais uma vez para ilustrar o quão difícil é mudar uma sociedade, visto que quem continua detendo o poder e o capital serão os filhos e netos de quem o detém hoje.
Coloco aqui uma outra provocação: será que todos desejam transformação? Será que eu quero a mesma transformação que você?
Nesse ponto, discutir conceitos como agência colaborativa/transformativa se tornam inviáveis do ponto de vista prático.
Muito obrigada por tornar possível o inédito viável, em um momento que exige o encontro de vozes, para aumentar a nossa potência de viver, e constituir o resistir-expandir em um mundo tão desigual.
Hello from the University of Georgia in the US.
It is always a pleasure to hear from Professor Fernanda Liberali, her wisdom needs to be shared across the globe. It must navigate different contexts like this one beyond Latin America because Dr. Liberali speaks on exactly what we need to move forward, collectively, towards transformation in theory and practice! Truly remarkable!
Muito obrigada,
Viviane Klen-Alves
Ph.D. Candidate in TESOL and World Language Education
Department of Language and Literacy Education
Graduate Student Assistant, the Portuguese Flagship Program
Thank you very much.
Conversa mais do que necessária nesse momento. Obrigada, Professora Fernanda por mais essa reflexão cheia inspiração!
Muito obrigada.
Agradeço a colaboração da Fernanda Liberali enquanto pesquisadora que discute criticamente e propõe uma agenda ativista sobre assuntos decoloniais. Gostaria de ouvir mais suas ideias sobre a importância da participação das ‘vozes do sul’ neste processo de resistência e transformação social; expandindo a temática para as políticas públicas, academia e produção de conhecimento.
Entendemos que as vozes do sul trazem enraizadas a inferioridade, sendo subjugadas de forma geográfica, política e epistemológica, à medida que são/foram silenciadas ao longo da história. Nesse enquadre, urge a formação de ações resistentes e de transformação social, que evidenciem a construção de políticas públicas de acesso ao conhecimento.
A importância das “vozes do sul” é incluir também “o sul do sul”; ou seja, pensar nas comunidades minoritarizadas nesse processo de resistência, observando sua organização pra lidar com a ausência do Estado que se agravou durante a pandemia, por exemplo. Dois casos práticos são a organização da comunidade de Paraisópolis que, por eles mesmos, tiveram índices menores de infecção por Covid-19 que a média dos bairros da cidade de São Paulo, e a organização de um mascaraço online em prol da reabertura do hospital Menino Jesus, localizado no bairro de Ermelino Matarazzo. A organização desses grupos pressiona a sociedade e o Estado, mobilizando a comunidade pra uma ação pública que visa a transformação. O que queremos é que nossas lutas e nossa força de organização sejam reconhecidas e que as raízes que sustentam as desigualdades e que dividem o mundo sejam transformadas. Que a gente deixe de sobreviver para garantir a vida do patrão, do rico, do capital e passe a viver também.
Como explicitei acima e no vídeo completo desta entrevista, as “vozes do sul” precisam construir espaços de participação JUNTO às “vozes do norte”, na busca por superar essa dicotomia, criando “múltiplas vozes” que são ouvidas e não silenciadas. Hoje lutamos pelas “vozes do sul” porque elas são silenciadas pelo processo de colonialidade que valoriza certas formas de pensar, de fazer pesquisa, de agir, de escrever, de publicar. Precisamos superar essa perspectiva. Não para colocar as “vozes do sul” no pedestal mas para superar esse dualismo escravagista, opressor, excludente.
As I explained above and in the full video of this interview, the “voices from the south” need to build spaces of participation TOGETHER with the “voices from the north”, in the quest to overcome this dichotomy, creating “multiple voices” that are heard and not silenced. Today we are fighting for “voices from the south” because they are silenced by the process of coloniality that values certain ways of thinking, doing research, acting, writing, publishing. We need to overcome this perspective. Not to put the “voices of the south” on the pedestal, but to overcome this slave, oppressive, exclusive dualism.
Em meio a um momento verdadeiramente inédito, estamos produzindo muito mais do algo viável! Estamos trabalhando a tomada de consciência da real possibilidade de um outro mundo. De uma outra organização global.
O colapso planetário, ecossistêmico, começa a ser enfrentado através do rompimento do modelo consumista, não por uma perspectiva ideológica, ainda não estabelecida. Mas pela necessidade de sobrevivência.
O resgate da vida em comunidade, do consumo responsável, do abandono da exploração predatório do planeta se impõe!
Iniciamos a caminhada! Venceremos!
Na luta, sempre! Resistir-expandir!
Como podemos pensar acordos de colaboração global, especialmente neste contexto de crise evidenciada pela pandemia, a partir de uma perspectiva decolonial?
A ampla colaboração global, para mim, é a utopia que nos move mas que se concretiza nas pequenas ações de cada um. Esta página (Cultural Praxis) já é um espaço de colaboração global decolonial uma vez que abre espaço para a discussão entre grupos multilíngues e interculturais de forma ampla. Cabe a todos nós o esforço de participação no debate acadêmico internacional (por exemplo) para que inéditos viáveis sejam produzidos e uma proposta decolonial se inicie.
The broad global collaboration, for me, is the utopia that moves us but that is concretized in the small actions of each one. This page (Cultural Praxis) is already a space for global decolonial collaboration since it opens space for wide-ranging discussion between multilingual and intercultural groups. It is up to all of us to make an effort to participate in the international academic debate (for example) so that viable unheard of is produced and a decolonial proposal begins.
Acho que a Fernanda, como poucos, traduz brilhantemente nossos anseios de mudança a partir das leituras desses grandes pensadores. A gente precisa de um exercício criativo radical pra pensar saídas que quebrem com as armadilhas do neoliberalismo e suas raízes: o racismo e a colonialidade. Fundamental, então, uma atitude responsável-responsiva. Gostaria de ouvir mais…. como expandir, em nossas comunidades e em nós mesmos, o potencial de criatividade para a transformação da sociedade?
Agradeço o comentário e penso que para expandir o potencial criativo e transformador seja essencial a criação de um espaço dramático em que as pessoas possam refletir sobre situações complexas em que múltiplas formas de entendê-las estejam em embate. É preciso que, na educação, por exemplo, temáticas da vida se tornem objeto de análise, aprofundamento por múltiplas perspectivas diferentes que permitem a expansão da compreensão dessas temáticas. Acima de tudo, penso que o diálogo argumentativo seja central na criação de múltiplas opções de compreensão e de ação possíveis que tornem possível fazer escolhas. A escolha está na base da liberdade, como já apontava Espinosa. Então, na minha opinião, a criatividade e a transformação dependem de um processo de libertação que parte do embate dramático de possibilidades que ampliam as escolhas de cada e do todo.
I appreciate the comment and I think that in order to expand the creative and transformative potential, it is essential to create a dramatic space in which people can reflect on complex situations in which multiple ways of understanding them are in conflict. It is necessary that, in education, for example, life themes become an object of analysis, deepening through multiple different perspectives that allow the expansion of the understanding of these themes. Above all, I think that argumentative dialogue is central to creating multiple options for understanding and possible actions that make choices possible. The choice is at the base of freedom, as Espinosa already pointed out. So, in my opinion, creativity and transformation depend on a process of liberation that starts from the dramatic clash of possibilities that expands the choices of each and the whole.
Obrigada Professora Fernanda, por nos ajudar a ampliar a nossa visão deste momento
para compreender a responsabilidade de cada um e do coletivo, a nossa potência do ser único e total para re-criar novas formas de vida.
Pode o inédito viável ser algo que supere as amarras do capitalismo neoliberal, centrado no individualismo (no empreendedorismo, no protagonismo, no sucesso e na consequente opressão dos que não o obtém), se partimos das próprias condições que ele nos oferece?
O inédito viável deve ser transformador a partir das situações apresentadas, ele deve ser algo novo e possível de ser colocado no mundo.
Precisamos seguir criar o inédito viável!
Eu não sei se o inédito-viável pode superar as amarras do capitalismo neoliberal, mas eu entendo que ele nos permite sonhar e, a partir desse sonho, aumentar a nossa potência de agir por meio da co-construção de outras possibilidades e narrativas.
Seguimos na luta!
Obrigado a Fernanda Liberali pela entrevista! E a Cris Meaney pela pergunta que engendrou minha reflexão!
Penso que o grande desafio da pesquisa com foco na sócio-histórica, propor a partir das reflexões já instituídas classicamente, novas categorias que possam lançar iluminuras sobre o real, descortinando-o à luz daquilo que ele aparentemente ousa furtar-se.
O coronavírus constitui-se uma novidade epidemiológica em que todos os humanos são igualmente vulneráveis, mas alguns morrem mais do que os outros. Ai sim me parece residir a trama de encontros e palavras, que, ignorados por seus protagonistas, reafirmam a força da desordem viva e oculta, que ordem alguma, alheia a ela, pode sufocar. Ponto alto das ideias discutidas na entrevista e central na sua pergunta, Cris!
Em que pese a clareza das posições na entrevista, gostaria de salientar, a título de contribuição, que ao analisarmos o sofrimento ético-político no contexto das vivências sociais, precisamos discutir a dimensão subjetiva da realidade, reveladora de processos objetivos, que, por vezes, passam despercebidos entre os sujeitos do mundo social ou são colocadas em segundo plano.
Eis o ponto que me remete à pergunta: as relações humanas levam em consideração a afetividade que pode gerar também sentimento de exclusão ou anulação do outro enquanto ser humano, enquanto sujeito dotado de direitos, de cidadanias. Isso porque os afetos são constantemente construídos nas relações com o outro, mediados no modo como o sujeito afeta e é afetado pelo outro, já que tais sujeitos são ainda sentimentos, emoções, desejos e paixões que lhes situam existencialmente.
A anulação do outro no âmbito da sociedade é muito presente, apesar de ser velada pelo discurso de empatia e respeito ou por atitudes altruístas que criam engodos, fechando os olhos para a exclusão do outro, aliás, ao se fechar e ao se blindar em certos discursos ditos de empatias ou até de direitos humanos, que não correspondem com as ações, já se estabelece um processo de pseudoinclusão que se revela como exclusão de fato, mesmo que se fale em inclusão, respeito ou humanização. Esse fato social de exclusão velada, muitas vezes permeado por um discurso de empatia e justiça, provoca, de qualquer forma, o sofrimento ético-político que é originado da situação social em questão, como ser tratado como “inferior”, subalterno ou a falta de respeito às diferenças, sejam elas por orientação sexual, gênero ou formas diversas de pensar e agir.
Por isso mesmo, entendo que o inédito viável, o sofrimento ético-politico, a decolonialidade são categorias que para se viabilizarem carecem de críticas epistemológicas e políticas ao fundamentalismo eurocêntrico. Precisamos de fato, como apontava Foucault, deslocar e transformar os parâmetros de pensamento, a fim de modificar os valores recebidos e todo o trabalho que se faz para pensar de outra maneira, para fazer outra coisa, para tornar-se diferente do que se é. Quais caminhos do pensamento somos convidados a fazer diante desta pandemia que se configura? Esta é uma questão que está inscrita, de um modo ou de outro, num tipo de espírito colonial travestido de soberania democrática e cosmopolitismo universal.
Este é o momento em que precisamos sonhar sim, mas também torna-se urgente o aprofundamento da discussão sobre a colonialidade do saber e do pensamento abissal que emergem da experiência colonial moderna e de sua lógica que dividiu o mundo em zonas relevantes e irrelevantes. O inédito viável é possível se articularmos lutas, saberes e ideias apontando algumas das questões para as quais é urgente encontrar respostas, e a partir de que tipo de diálogo é possível buscar essas respostas. Fica então uma tarefa para nós outros: como aquilo que pensamos sobre essas categorias pode ser um contributo para a construção de um pensamento pós-abissal e para a ampliação da imaginação política?
Concordo integralmente. É preciso superar o pensamento colonial, tanto dos colonizados como dos colonizadores. Abrir espaços para que possamos reconhecer a dor histórica que oprime e exclui tantos de tantas ações, inclusive acadêmicas. Não é possível manter relações praxiológicas de forma colonizada e achar que estamos criando o inédito viável. Não há inédito na opressão! O inédito depende de superar a opressão, nas pequenas e grandes situações. Assim, em contextos acadêmicos, nós pesquisadores somos responsáveis por assumir nos contextos acadêmicos vários uma atitude de criar um pensamento novo que não só questiona a opressão epistemológica mas também propõe caminhos. Por outro lado, precisamos assumir semelhante atitude em nossos contextos de pesquisa, junto ao mundo real, concreto e em sofrimento impensável. Assim penso que a superação do que Sousa Santos chama de pensamento abissal demanda que assumamos nossa responsabilidade frente às demandas do mundo. Precisamos efetivamente assumir, como aponta Fals Borda, que somos sujeitos sentipensantes que precisam se comprometer com um mundo mais justo.
I fully agree. It is necessary to overcome colonial thinking, both for the colonized and the colonizers. Open spaces so that we can recognize the historical pain that oppresses and excludes so many of so many actions, including academic ones. It is not possible to maintain praxiological relations in a colonized way and think that we are creating the viable unheard of. There is nothing unprecedented in oppression! The viable unheard of depends on overcoming oppression, in small and large situations. Thus, in academic contexts, we researchers are responsible for assuming in the various academic contexts an attitude of creating new thinking that not only questions epistemological oppression but also proposes paths. On the other hand, we need to assume a similar attitude in our research contexts, towards the real, concrete world and in unthinkable suffering. So I think that overcoming what Sousa Santos calls abyssal thinking demands that we assume our responsibility in the face of the demands of the world. We need to effectively assume, as Fals Borda points out, that we are sentipensante subjects who need to commit to a just world.
Acredito que a própria produção do inédito viável já pressupõe essa superação. Criamos o inédito viável quando nos unimos a outros e consideramos as necessidades do todo e construir o que atende a todos. Criar o inédito viável já é um inédito viável porque pressupõe que deixemos de lá o individualismo, o protagonismo do um, para pensar no Comum. Para cria-lo precisamos imaginar novas formas de ser e estar no mundo com o outro, em processo e em produto.
I believe that the production of the viable unheard of already presupposes this overcoming. We create the viable unheard of when we unite with others and consider the needs of the whole and build what serves everyone. Creating the viable unheard of is already a viable unheard of because it presupposes that we leave individualism and the protagonism of one behind to think about the Common. To create it, we need to imagine new ways of being and being in the world with others, in process and in product.
Obrigada prof. Fernanda Liberali pela reflexão que nos trouxe a respeito do inédito viável de Paulo Freire. Sem dúvidas, a pandemia tem nos mostrado cenários nunca antes imaginados e juntos temos tentado responder a esses novos desafios. Que tenhamos sabedoria para superar a opressão e seguir persistindo em um mundo mais igualitário e justo como você bem disse.
Obrigado professora Fernanda Liberali, maravilhosa reflexão. E com a resistência do existir, com o coletivo pensando no agenciamento potente para a libertação de uma necropolítica e descolonização dos povos oprimidos.
Essas reflexões são muito importantes neste momento atual que estamos presenciando, ao considerar que em nosso país temos diferentes contextos e realidades. Pensar no inédito viável é valorizar e possibilitar o acesso ao conhecimento para todos, criando e transformando as possibilidades que temos. Obrigada pelas colocações professora Fernanda!
Exatamente!
Muito pertinente sua fala,
Profa Fernanda Liberali. A pandemia parece ter acentuado e ampliado, no Brasil, os movimentos coletivos contra as opressões e a necropolítica. Pensar no comum resgatando os saberes dos povos originários é um caminho de extremo enriquecimento e olhar decolonial!
Precisamos valorizar nossa ancestralidade!
Obrigada pela reflexão Profa Fernanda !
Precisamos desta potência de ação do coletivo para a transformação que desejamos.
Muito obrigada.
Obrigada por nos ajudar a refletir. Fala super pertinente e necessária nesse momento.
Obrigado pela excelente reflexão, professora Fernanda. É preciso co-construir e co-realizar um mundo no qual as pessoas ampliem as suas potências de agir coletivamente para superarmos as opressões e a necropolítica do atual contexto.
Agradecida.
Reflexões potentes professora Fernanda e o debate é muito importante, nesse momento, em que juntos, temos mais força para resistir.
Obrigada.
Obrigado Profa Fernanda por compartilhar tantos saberes de forma a nos fazer resistir e expandir!
Agradecida!
Somos responsáveis por tudo o que nos acontece, pelo singular e pelo todo. Obrigada pela reflexão prof.a. Fernanda
Muito Obrigada.
Excelente reflexão. Parabéns, Profa Fernanda Liberali
Muito obrigada!